O isolamento social foi uma medida necessária para contenção da covid-19 no mundo inteiro e assim como as residências se tornaram ambiente de trabalho, também foram transformadas em escolas por milhares de crianças, jovens e adultos. Aqui no Brasil, a escolarização domiciliar não é tão comum, e principalmente, de forma virtual como tem sido entre 2020 e 2021. Professores e alunos precisaram se adaptar a uma nova realidade com obstáculos latentes, como a desigualdade social batendo à porta. Segundo a Associação Brasileira de Educação à Distância, 67% dos alunos têm dificuldades de organizar os estudos na modalidade online. Ainda de acordo com o estudo realizado, cerca de 60,5% participam de quase todas as atividades, mas se sentem sobrecarregados e possuem mais dificuldades para assimilar os conteúdos transmitidos nas aulas online.
Na Educação Infantil, o ensino remoto segue sendo um desafio tanto para pais quanto para os professores. Essa fase da escolarização é voltada principalmente à socialização da criança, e fazer isso sem o contato e presença de outros alunos é um processo que demanda a reinvenção do professor e da forma de ensinar. A professora Fábia leciona no CEMEI Estrela da manhã há 9 anos, nesse período de pandemia teve que se reinventar para que mesmo de forma remota pudesse acompanhar seus alunos em suas atividades pedagógicas. “Muitas pessoas estão bombardeando a gente nas redes sociais achando que não estamos trabalhando, mas estamos trabalhando em dobro, estamos trabalhando muito mais do que se estivéssemos na escola, mas de certa forma estamos felizes porque os pais compreenderam a importância de seguir continuando com as atividades e com o desempenho das crianças mesmo que de forma remota”, afirma a professora.
Para cada turma, o processo educacional é realizado de forma diferente, abrangendo as especificidades de alunos e pais. Os professores e a coordenação pedagógica das unidades escolares trabalham através de reuniões online frequentes após receberem orientações dos NAPEs ( Núcleos de Apoio Pedagógico) da Secretaria Municipal de Educação que auxilia no desenvolvimento do Plano de Ação condizente com as atividades pedagógicas. Foi através de reuniões como essa que surgiu a demanda pela atualização digital de professores do ensino Municipal. Hoje a Secretaria mantém o projeto Letramento Digital, concluindo a sua primeira turma de professores de 1 ao 5 ano e irá iniciar a segunda turma com professores da educação infantil agora no mês de Junho. Algumas escolas do 6º ao 9º ano conta com apoio de professores da própria unidade escolar para fazer uma formação nesta área como a Escola Municipal São Lourenço e Antonio chicon e outras começando a desenvolver esta formação. As diversas idéias vão surgindo com um único foco: Atender da melhor forma os nossos alunos, desde as creches até Educação de Jovens e Adultos.
Até 2020, a formação para professores de ensino regular não incluía a possibilidade de ensino remoto, o que significa que professores tiveram um desafio a mais, o de adaptar o conteúdo para seus alunos. Um trabalho que anteriormente tinha hora para começar e terminar, hoje se abre para horários não convencionais e se tornou uma realidade para professores de todo país, que respondem a dúvidas de pais e alunos mesmo fora de seu horário. Dedicação exclusiva e jornadas ampliadas acabaram por se tornar parte da rotina de professores durante o período de pandemia, tudo para garantir que o aluno realize as atividades e diminuir também a evasão escolar a longo prazo. A Diretora Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Maria Claudia Leite dos Santos Almeida corrobora com a nova jornada de trabalho e compromisso dos professores com o ensino: “Os professores estão sempre trabalhando, seja elaborando atividades, corrigindo ou atendendo a demanda dos pais através de grupos no whatsApp. Essa ideia de que as escolas sem alunos significam folga para eles está totalmente equivocada”.
O letramento Digital também é um desafio para os alunos, principalmente aqueles que ainda não possuem o letramento regular. Microfones desligados ou ligados na hora errada, aparelhos que não estão em boas condições de uso ou até mesmo internet de qualidade baixa. Mas a escola não se intimida, e segue fazendo o possível para que cada aluno seja alfabetizado como tem direito. Para os alunos que não possuem acesso à internet ou aparelhos eletrônicos, são disponibilizadas atividades impressas que podem ser retiradas nas unidades escolares pelos pais ou responsáveis a cada 15 dias. O plano de ação exige dos professores e equipe escolar um trabalho ainda mais organizado e coeso, para que os alunos tenham o conteúdo de forma universal, ou seja, que sua educação não seja prejudicada pela falta de acesso.
Toda criança tem direito a educação de qualidade e desenvolvimento humano e espiritual, e a escola, mesmo de forma remota, é a ponte mais importante para a garantia desse direito. Em tempos de crise, a educação não apenas salva vidas mas também a transforma e os professores são fundamentais para que isso aconteça.